sábado, 3 de dezembro de 2011

indiasana

a india nao e facil, demora tempo. demora o tempo de um asana. antes de se chegar ao asana, postura consciente, firme e confortavel, e inevitavel um longo caminho de pedras no sapato, espinhos nas meias de algodao, comichoes no nariz e pensamentos macacos que nos querem longe do tapete de pratica. a india vai sendo assim. confusa, caotica e a empurrar-nos para longe  das nossas consolacoes e aconchegos. quanto mais resistimos, mais na desordem ficamos. quanto mais insistimos em controlar os horarios e as distancias, mais naufragados nos sentimos. o relogio e mais uma qualquer coisa solida no pulso esquerdo que propriamente um marcador de tempo. um mapa e mais um desenho policromatico com uma estoria imaginada que propriamente a estrada que nos leva ao hotel. e que depois de se fazer o dificil caminho e chegarmos a postura firme e confortavel que e o indiasana e quando acreditamos que amanha e que e, que amanha e que chegamos a tempo ao outro lado do rio e fazemos as coisas com relogio a tic-tac, vemo-nos a sair de casa e a afundarmos o tornozelo numa sagrada bosta de vaca. e o relogio a ser a ultima coisa em que pensamos. e isto tem qualquer coisa de maravilhoso.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

yes please

cottage, em paharganj, main bazar, foi a hospitaleira casa que nos recebeu num dos centros mais freneticos de delhi, uma cidade que ferve em si mesmo o que as palavras simplesmente podem amornar. 

um transito incompreensivel, mas que facilmente sintonizamos e gente, gente, gente por todo o lado a manifestar-se de todas as formas inimaginaveis. sao 12.800.002 habitantes, ou desabitantes, numa area que perde a vista em qualquer miradouro da cidade, e todos eles convulsamente activos, sintonizados, ligados por uma desconhecida forca ancestral.

atravessar uma estrada e uma tarefa ardua e ao mesmo tempo muito delicada. nunca correr ou parar, uma vez iniciada a marcha, sao as duas regras vitais para a sobrevivencia. como ocidentais parecemos galinhas crossing the road enquanto os indianos deslizam pacientemente e sem alterarem o primeiro passo que deram ao sair de casa. e como ocidentais, quando chegamos ao outro lado da estrada esquecemo-nos porque a atravessamos. mas nao voltamos atras e muitas vezes acabamos noutro destino. e a india faz-se.


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

dia de partida

pareceu sempre tão longe e chegou de repente como que caído do céu. amanhã chegamos à índia.